Breve História do Tempo – Stephen Hawking

Avalie esse pdf
Página: 1 de 1

Prévia do Conteúdo do PDF:

Stephen W. Hawking

Breve História
do Tempo

Do *Big Bang*
aos Buracos Negros

Introdução
de Carl Sagan

Tradução de
Ribeiro da Fonseca

Revisão, adaptação
do texto e notas de
José Félix Gomes Costa
Instituto Superior Técnico

Gradiva

Título original inglês: *a Brief History of Time — From the Big Bang
to Black Holes*

c 1988 by *Stephen W. Hawking*

Introducão c 1988 by *Carl Sagan*

Ilustrações do texto c 1988 by *Ron Miller*

Tradução: *Ribeiro da Fonseca*

Revisão de texto: *A. Miguel Saraiva*

Capa: *Armando Lopes* a partir de fotos de David Montgomery e Roger
Ressmeyer

Fotocomposição, paginação e fotolitos: *Textype — Artes Gráficas, L.da*

Impressão e acabamento: *Tipografia Guerra/Viseu*

Direitos reservados para Portugal a:
*Gradiva — Publicações, L.da*
Rua de Almeida e Sousa, 21, r/c, esq., 1300 LISBOA
Telef. 3974067/8

3.a edição: *Abril de 1994*

Depósito legal n.° 75248/94

isbn 972-662-010-4

stephen w. hawking

stephen w. hawking é reconhecido internacionalmente como um dos génios do século xx. físico inglês de 46 anos de idade, ocupa hoje na

universidade de cambridge a cátedra que pertenceu a newton e é,
segundo a opinião geral, um forte candidato ao nobel da física. há
alguns anos, foi anunciada a publicação de uma obra sua, considerada
pelos especialistas de todo o mundo como um grande acontecimento
editorial. a saída do livro foi sendo, porém, sucessivamente adiada. é
que stephen hawking é vítima de uma doença estranha e terrível que, em
1984, o deixou completamente paralítico. na altura, ainda podia falar.
hoje não. mas o autor não desistiu e, com a ajuda de um computador que
criou e três dedos da mão esquerda, levou a cabo a empresa de escrever
apaixonadamente *breve história do tempo*, recentemente publicado nos
estados unidos e já traduzido para várias línguas. porquê? como nos
diz o editor americano, o sonho deste físico é ter o seu livro à venda
nos aeroportos, porque passa a maior parte do seu tempo a viajar para
dar conferências nas mais prestigiadas universidades do mundo inteiro.

breve história do tempo

pela primeira vez, hawking escreve uma obra de divulgação, explorando os limites do nosso conhecimento da astrofísica e da natureza do tempo e do universo. o resultado é um livro absolutamente brilhante; uma apresentação clássica das ideias científicas mais importantes dos
nossos dias e a possibilidade única de poder seguir o intelecto de um
dos pensadores mais imaginativos e influentes do nosso tempo. houve
realmente um princípio do tempo? haverá um fim? o universo é infinito
ou tem limites? pegando nestas questões, hawking passa em revista as
grandes teorias do cosmos e as contradições e paradoxos ainda por
resolver e explora a ideia de uma combinação da teoria da relatividade
geral com a mecânica quântica numa teoria unificada que resolveria
todos os mistérios. *breve história do tempo* é um livro escrito para
os que preferem as palavras às equações, onde, no estilo incisivo que
lhe é próprio, hawking nos mostra como o “retrato” do mundo evoluiu
até aos nossos dias. brilhante.

*Este livro é dedicado à Jane*

*Agradecimentos*

Resolvi tentar escrever um livro popular sobre o espaço e o tempo depois de ter proferido, em 1982, as conferências de Loeb, em Harvard.
Já havia uma quantidade considerável de livros sobre o Universo
primitivo e os “buracos negros”, desde os muito bons, como o livro de
Steven Weinberg, *The First Three Minutes* (1), aos péssimos, que não
vou identificar. Senti, contudo, que nenhum deles abordava realmente
as questões que me tinham levado a fazer investigação em cosmologia e
teoria quântica: Donde surgiu o Universo? Como e por que começou? Irá
ter um fim e, se assim for, qual? Estas questões interessam a todos
nós. Mas, a ciência moderna tornou-se tão técnica que apenas um número
muito pequeno de especialistas é capaz de dominar a matemática
utilizada para as descrever. No entanto, as ideias básicas sobre a
origem e destino do Universo podem ser formuladas sem matemática, de
forma a que as pessoas sem conhecimentos científicos consigam
compreendê-las. Foi o que tentei fazer neste livro. O leitor irá
julgar se o consegui ou não. :,

(1) Tradução portuguesa: *Os Três Primeiros Minutos*, Uma Análise Moderna da Origem do Universo, com prefácio e notas de Paulo Crawford do Nascimento, Gradiva, Lisboa, 1987 (*N. do R.*).

Alguém me disse que cada equação que eu incluísse no livro reduziria
as vendas para metade. Assim, resolvi não utilizar nenhuma. No
entanto, no final, *incluí* mesmo uma, a famosa equação de Einstein:
*E = mcâ2*. Espero que isso não assuste metade dos meus potenciais
leitores.

À excepção de ter tido o azar de contrair a doença de Gehrig ou
neuropatia motora, tenho sido afortunado em quase todos os outros
aspectos. A ajuda e o apoio da minha mulher Jane e dos meus filhos
Robert, Lucy e Timmy, fizeram com que me fosse possível levar uma vida
razoavelmente normal e ter uma carreira bem sucedida. Também tive a
sorte de escolher física teórica, porque tudo é feito mentalmente. Por
isso, a minha incapacidade não tem constituído uma verdadeira
objecção. Os meus colegas cientistas têm dado, sem excepção, uma boa
ajuda.

Na primeira fase “clássica” da minha carreira, os meus principais
assistentes e colaboradores foram Roger Penrose, Robert Geroch, Brandon Carter e George Ellis. Estou-lhes grato pela ajuda que me deram e pelo trabalho que juntos fizemos. Esta fase foi coligida no
livro *The Large Scale Structure of Spacetime*, que escrevi juntamente
com Ellis em 1973. Não aconselharia os leitores deste livro a
consultarem essa obra para informação posterior: é altamente técnica e
bastante ilegível. Espero que, de então para cá, tenha aprendido a
escrever de forma mais compreensível.

Na segunda fase “quântica” do meu trabalho, a partir de 1974, os meus
colaboradores principais têm sido Gary Gibbons, Don Page e Jim Hartle.
Devo-lhes muitíssimo a eles e aos meus alunos de investigação, que me
auxiliaram bastante tanto no sentido teórico como no sentido físico da
palavra. Ter de acompanhar os meus alunos tem constituído um grande
estímulo e impediu-me, espero, de ficar preso à rotina.

Neste livro, tive também a grande ajuda de Brian Whitt, um dos meus alunos. Em 1985, apanhei uma pneumonia, :, depois de ter escrito o
primeiro esboço. Foi necessário fazerem-me uma traqueotomia que me
retirou a capacidade de falar, tornando-se quase impossível a
comunicação. Pensei não ser capaz de o concluir. Contudo, Brian não só
me ajudou a revê-lo, como me arranjou um programa de comunicação
chamado “Living Center” que me foi oferecido por Walt Woltosz, da Word
Plus Inc., em Sunnyvale, Califórnia. Com ele posso escrever livros e
artigos e falar com as pessoas utilizando um sintetizador da fala
oferecido pela Speech Plus, também de Sunnyvale, Califórnia. O
sintetizador e um pequeno computador pessoal foram incorporados na
minha cadeira de rodas por David Mason. Este sistema realizou toda a
diferença: com efeito, posso comunicar melhor agora do que antes de
ter perdido a voz.

Muitas pessoas que leram as versões preliminares fizeram-me sugestões para melhorar o livro. Em particular, Peter Guzzardi, o meu editor na
Bantam Books, que me enviou páginas e páginas de comentários e
perguntas sobre pontos que considerava não estarem devidamente
explicados. Tenho de admitir que fiquei bastante irritado quando
recebi a sua grande lista de coisas para alterar, mas ele tinha razão.
Estou certo que o livro ficou muito melhor por ele me ter obrigado a
manter os pés na terra.

Agradeço muito aos meus assistentes, Colin Williams, David Thomas e

Raymond Laflamme; às minhas secretárias Judy Fella, Ann Ralph, Cheryl
Billington e Sue Masey; e à minha equipa de enfermeiras. Nada disto
teria sido possível sem o apoio às minhas despesas médicas e de
investigação dispensado pelos Gonville and Caius College, Science and
Engineering Research Council e pelas fundações Leverhulme, McArthur,
Nuffield e Ralph Smith.

Estou-lhes muito grato.

20 de Outubro de 1987.

Stephen Hawking

*Introdução*

Vivemos o nosso quotidiano sem entendermos quase nada do mundo. Reflectimos pouco sobre o mecanismo que gera a luz solar e que torna a vida possível, sobre a gravidade que nos cola a uma Terra que, de outro modo, nos projectaria girando para o espaço, ou sobre os átomos de que somos feitos e de cuja estabilidade dependemos
fundamentalmente. Exceptuando as crianças (que não sabem o suficiente para não fazerem as perguntas importantes), poucos de nós dedicamos algum tempo a indagar por que é que a natureza é assim; de onde veio o
cosmos ou se sempre aqui esteve; se um dia o tempo fluirá ao contrário
e se os efeitos irão preceder as causas; ou se haverá limites
definidos para o conhecimento humano. Há crianças, e conheci algumas,
que querem saber qual é o aspecto dos “buracos negros”; qual é o mais
pequeno pedaço de matéria; por que é que nos lembramos`…

Conteúdo Relacionado: