Meditações para a Quaresma – Papa Francisco

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Rumo à Santidade

Rumo à Santidade

SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ……………………………………………. 3
QUARESMA DE 2018 ………………………………………. 4
A Palavra é um dom. O outro é um dom ……………………. 4
QUARESMA DE 2016 ………………………………………13
«”Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13). As
obras de misericórdia no caminho jubilar» ……………….. 13
QUARESMA DE 2015 …………………………………….. 22
Fortalecei os vossos corações (Tg 5, 8) ……………………. 22
QUARESMA DE 2014 …………………………………….. 33
Fez-Se pobre, para nos enriquecer com a sua pobreza
(cf. 2 Cor 8, 9) ………………………………………………………… 33

Rumo à Santidade

APRESENTAÇÃO

Salve Maria, nossa Dulcíssima Esperança!

Com o intuito de auxiliar nas reflexões e
meditações para este período da Quaresma, que
nos convida à conversão por meio do Jejum, da
Oração e da Penitência, o Apostolado Rumo à
Santidade compilou as Mensagens para a Santa
Quaresma do pontificado de Francisco em um
único arquivo em PDF para sua apreciação.

Tenha uma Santa Quaresma e boas reflexões!

Invocação ao Espírito Santo

V. Vinde, Espírito Santo, esclarecei-me o
entendimento e fortificai-me a vontade.

R. Ajudai-me a fazer bem esta oração.

Rumo à Santidade

MENSAGEM DE SUA
SANTIDADE FRANCISCO
PARA A QUARESMA DE 2018
A Palavra é um dom. O outro é um dom

Rumo à Santidade
Amados irmãos e irmãs!

A Quaresma é um novo começo, uma estrada
que leva a um destino seguro: a Páscoa de
Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E
este tempo não cessa de nos dirigir um forte
convite à conversão: o cristão é chamado a voltar
para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se
contentando com uma vida medíocre, mas
crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o
amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo
quando pecamos, espera pacientemente pelo
nosso regresso a Ele e, com esta espera,
manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia
na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

A Quaresma é o momento favorável para
intensificarmos a vida espiritual através dos
meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a
oração e a esmola. Na base de tudo isto, porém,
está a Palavra de Deus, que somos convidados a
ouvir e meditar com maior assiduidade neste
tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na
parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf.
Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta
página tão significativa, que nos dá a chave para
compreender como temos de agir para
alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida
eterna, incitando-nos a uma sincera conversão.

Rumo à Santidade
1. O outro é um dom

A parábola inicia com a apresentação dos dois
personagens principais, mas quem aparece
descrito de forma mais detalhada é o pobre:
encontra-se numa condição desesperada e sem
forças para se solevar, jaz à porta do rico na
esperança de comer as migalhas que caem da
mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que
os cães vêm lamber (cf. vv. 20-21). Enfim, o
quadro é sombrio, com o homem degradado e
humilhado.

A cena revela-se ainda mais dramática, quando se
considera que o pobre se chama Lázaro, um
nome muito promissor pois significa,
literalmente, «Deus ajuda». Não se trata duma
pessoa anónima; antes, tem traços muito
concretos e aparece como um indivíduo a quem
podemos atribuir uma história pessoal. Enquanto
Lázaro é como que invisível para o rico, a nossos
olhos aparece como um ser conhecido e quase
de família, torna-se um rosto; e, como tal, é um
dom, uma riqueza inestimável, um ser querido,
amado, recordado por Deus, apesar da sua
condição concreta ser a duma escória humana
(cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

Rumo à Santidade
Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa
relação com as pessoas consiste em reconhecer,
com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à
porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas
um apelo a converter-se e mudar de vida. O
primeiro convite que nos faz esta parábola é o de
abrir a porta do nosso coração ao outro, porque
cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho
ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um
tempo propício para abrir a porta a cada
necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo.
Cada um de nós encontra-o no próprio caminho.
Cada vida que se cruza connosco é um dom e
merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de
Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a
vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas,
para se poder fazer isto, é necessário tomar a
sério também aquilo que o Evangelho nos revela
a propósito do homem rico.

2. O pecado cega-nos

A parábola põe em evidência, sem piedade, as
contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este
personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não
tem um nome, é qualificado apenas como «rico».
A sua opulência manifesta-se nas roupas, de um
luxo exagerado, que usa. De facto, a púrpura era
muito apreciada, mais do que a prata e o ouro, e

Rumo à Santidade
por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9)
e os reis (cf. Jz 8, 26). O linho fino era um linho
especial que ajudava a conferir à posição da
pessoa um caráter quase sagrado. Assim, a
riqueza deste homem é excessiva, inclusive
porque exibida habitualmente: «Fazia todos os
dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se
nele, dramaticamente, a corrupção do pecado,
que se realiza em três momentos sucessivos: o
amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf.
Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).

O apóstolo Paulo diz que «a raiz de todos os
males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10). Esta
é o motivo principal da corrupção e uma fonte de
invejas, contendas e suspeitas. O dinheiro pode
chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar
um ídolo tirânico (cf. Exort. ap. Evangelii
gaudium, 55). Em vez de instrumento ao nosso
dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade
com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a
nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que
não deixa espaço ao amor e dificulta a paz.

Depois, a parábola mostra-nos que a ganância do
rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade vive de
aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se
pode permitir. Mas a aparência serve de máscara
para o seu vazio interior. A sua vida está

Rumo à Santidade
prisioneira da exterioridade, da dimensão mais
superficial e efémera da existência (cf. ibid., 62).

O degrau mais baixo desta deterioração moral é
a soberba. O homem veste-se como se fosse um
rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se
que é um simples mortal. Para o homem
corrompido pelo amor das riquezas, nada mais
existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas
que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu
olhar. Assim o fruto do apego ao dinheiro é uma
espécie de cegueira: o rico não vê o pobre
esfomeado, chagado e prostrado na sua
humilhação.

Olhando para esta figura, compreende-se por
que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar
o amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois
senhores: ou não gostará de um deles e estimará
o outro, ou se dedicará a um e desprezará o
outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro»
(Mt 6, 24).

3. A Palavra é um dom

O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro
ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que
se aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas
convida-nos a viver uma experiência semelhante

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à que faz de forma tão dramática o rico. Quando
impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote
repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que
és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto,
tanto o rico como o pobre morrem, e a parte
principal da parábola desenrola-se no Além. Dum
momento para o outro, os dois personagens
descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo
e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).

Também o nosso olhar se abre para o Além,
onde o rico tece um longo diálogo com Abraão, a
quem trata por «pai» (Lc 16, 24.27), dando
mostras de fazer parte do povo de Deus. Este
detalhe torna ainda mais contraditória a sua vida,
porque até agora nada se disse da sua relação
com Deus. Com efeito, na sua vida, não havia
lugar para Deus, sendo ele mesmo o seu único
deus.

Só no meio dos tormentos do Além é que o rico
reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse
os seus sofrimentos com um pouco de água. Os
gestos solicitados a Lázaro são semelhantes aos
que o rico poderia ter feito, mas nunca fez.
Abraão, porém, explica-lhe: «Recebeste os teus
bens na vida, enquanto Lázaro recebeu somente
males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és
atormentado» (v. 25). No Além, restabelece-se

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uma…

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