O Gene Egoísta – Richard Dawkins

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O GENE EGOÍSTA
Richard Dawkins
PRÓLOGO 1
PREFÁCIO 3
POR QUE SÃO AS PESSOAS? 5
OS REPLICADORES 12
ESPIRAIS IMORTAIS 17
A MÁQUINA GÊNICA 33
AGRESSÃO: ESTABILIDADE E A MÁQUINA EGOÍSTA 46
MANIPULANDO OS GENES 59
PLANEJAMENTO FAMILIAR 72
A BATALHA DAS GERAÇÕES 81
A BATALHA DOS SEXOS 91
VOCÊ COÇA MINHAS COSTAS, EU MONTAREI SOBRE AS SUAS 107
MEMES: OS NOVOS REPLICADORES 121

PRÓLOGO
O chimpanzé e os seres humanos compartilham cerca de 99,5 por cento de sua história evolutiva, no
entanto a maioria dos pensadores humanos considera o chimpanzé uma excentricidade malformada e
irrelevante, enquanto se vêem a si próprios como degraus para o Todo-poderoso. Para um evolucionista
isto não pode ocorrer. Não há fundamento objetivo para qual elevar uma espécie acima de outra.
Chimpanzés e seres humanos, lagartixas e fungos, todos evoluímos durante aproximadamente três bilhões
de anos por um processo conhecido como seleção natural. Dentro de cada espécie alguns indivíduos têm
mais descendentes sobreviventes do que outros, de modo que as características herdáveis (genes) daqueles
reprodutivamente bem sucedidos tornam-se mais numerosos na geração seguinte. A seleção natural é isto:
a reprodução diferencial não aleatória dos genes. Ela nos formou e é ela que devemos entender se
quisermos compreender nossas próprias identidades.
Embora a teoria da evolução através da seleção natural de Darwin seja central ao estudo do
comportamento social (especialmente quando unida à genética de Mendel), ela tem sido amplamente
ignorada. Verdadeiras indústrias se desenvolveram nas ciências sociais dedicadas à construção de uma
visão pré-darwiniana e pré-mendeliana do mundo social e psicológico. Mesmo na Biologia o
esquecimento e o abuso da teoria darwiniana têm sido surpreendentes. Sejam quais forem as razões deste
estranho desenvolvimento, há indicações de que ele está terminando. A grande obra de Darwin e de
Mendel tem sido ampliada por um número crescente de pesquisadores, notavelmente R. A. Fisher, W. D.
Hamilton, G. C. Williams e J. Maynard Smith. Agora, pela primeira vez, este importante corpo de teoria
social baseada na seleção natural é apresentado sob forma simples e popular por Richard Dawkins.
Um a um, Dawkins examina os principais temas da nova pesquisa em teoria social: os conceitos de
comportamento altruísta e egoísta, a definição genética de auto-interesse, a evolução do comportamento
agressivo, a teoria do parentesco (as relações entre pais e prole e a evolução dos insetos sociais), a teoria
da proporção entre os sexos, o altruísmo recíproco, o engano e a seleção natural das diferenças sexuais.
Com a confiança oriunda do domínio da teoria subjacente, Dawkins revela a nova pesquisa com estilo e
clareza admiráveis. Educado largamente em Biologia, ele dá ao leitor uma amostra de sua literatura rica e
fascinante. Quando discorda de trabalhos publicados (como o faz ao criticar uma falácia minha), quase
invariavelmente acerta o alvo. Dawkins também se esforça por tornar clara a 1ógica de seus argumentos,
de modo que o leitor, aplicando a lógica fornecida, possa ampliar os argumentos (e até mesmo rivalizar
com o próprio Dawkins). Os próprios argumentos estendem-se em muitas direções. Por exemplo, se
(como Dawkins mantém) o fraude é fundamental à comunicação animal, então deve haver forte seleção
para detectar o engano, e isto, por sua vez, deve selecionar certo grau de engano próprio, tornando
inconscientes alguns fatos e motivos, de modo a não trair – pelos sinais sutis de auto-conhecimento – o
fraude que está sendo praticado. Assim, a idéia convencional de que a seleção natural favorece aqueles
sistemas nervosos que produzem imagens cada vez mais exatas do mundo deve ser uma visão muito
ingênua da evolução mental.
O progresso recente na teoria social tem sido importante o suficiente para gerar um pequeno
alvoroço de atividade contra-revolucionária. Tem-se alegado, por exemplo, que o progresso recente é, de
fato, parte de uma conspiração cíclica para impedir o avanço social, fazendo com que ele pareça ser
geneticamente impossível. Idéias tênues semelhantes têm sido reunidas para dar a impressão que a teoria
social darwiniana é reacionária em suas implicações políticas. Isto está muito longe da verdade. A
igualdade genética dos sexos, por exemplo, foi, pela primeira vez, claramente estabelecida por Fisher e
Hamilton. A teoria e os dados quantitativos provenientes dos insetos sociais demonstram que não há uma
tendência inerente aos pais de dominarem sua prole (ou vice-versa). E os conceitos de investimento
parental e escolha por parte da fêmea fornecem um fundamento objetivo e imparcial para examinar as
diferenças sexuais, um avanço considerável em relação aos esforços populares de fixar os poderes e
direitos da mulher no pântano inútil da identidade biológica. Em resumo, a teoria social darwiniana nos dá
uma idéia de uma lógica e de uma simetria subjacentes nas relações sociais, as quais, quando forem mais
completamente compreendidas por nós, devem revitalizar nossa compreensão política e fornecer o apoio
intelectual a uma ciência e medicina da Psicologia. Neste processo, ele deve dar-nos também uma

compreensão mais profunda das muitas origens de nosso sofrimento.
Robert Trivers
Universidade de Harvard
Julho, 1976

PREFÁCIO
Este livro deveria ser lido quase como se fosse ficção científica. Ele destina-se a agradar a
imaginação. Mas não é ficção científica: é Ciência. Seja ou não um lugar-comum, “mais estranho do que
ficção” exprime exatamente como me sinto com relação à verdade. Somos máquinas de sobrevivência –
veículos robô programados cegamente para preservar as moléculas egoístas conhecidas como genes. Esta
é uma verdade que ainda me enche de surpresa. Embora a conheça há anos, parece que nunca me
acostumo completamente a ela. Um de meus desejos é ter algum sucesso em surpreender a outros.
Três leitores imaginários olharam por sobre meu ombro enquanto escrevia, e agora a eles dedico o
livro. Em primeiro lugar o leitor geral, o leigo. Por ele evitei o jargão técnico quase totalmente e onde tive
que usar palavras especializadas eu as defini. Agora me pergunto por que não censuramos a maior parte
de nosso jargão também das revistas especializadas. Supus que o leigo não tenha conhecimento
especializado, mas não supus que ele seja estúpido. Qualquer um pode popularizar a Ciência se ele
simplificar demasiadamente. Trabalhei arduamente tentando popularizar algumas idéias sutis e
complicadas em linguagem não matemática, sem perder de vista sua essência. Não sei quanto sucesso tive
nisto, nem quanto sucesso tive em outra de minhas ambições: tentar tornar o livro tão fascinante e
agradável quanto o assunto merece. Desde há muito senti que a Biologia deve parecer tão excitante quanto
uma história de mistério, pois ela é exatamente isto. Não ouso esperar ter transmitido mais do que uma
pequena fração da excitação que o assunto tem a oferecer.
Meu segundo leitor imaginário foi o especialista. Ele tem sido um crítico severo, suspirando
profundamente com algumas de minhas analogias e figuras de linguagem. Suas frases favoritas são “com
exceção de”, “por outro lado”, e “ah, não”. Ouvi-o atentamente e até reescrevi por completo um capítulo
apenas em seu benefício, mas, no fim, tive que contar a história da minha maneira. O especialista ainda
não estará completamente satisfeito com a maneira pela qual expus o assunto. No entanto, minha maior
esperança é que até ele encontrará aqui algo de novo; uma nova maneira, talvez, de ver idéias familiares;
até mesmo estímulo para idéias novas próprias. Se esta é uma aspiração alta demais, poderei pelo menos
esperar que o livro o distraia em um trem?
O terceiro leitor que tive em mente foi o estudante, realizando a transição do leigo para o
especialista. Se ele ainda não decidiu em que campo quer se especializar, espero encorajá-la a considerar
meu próprio campo da Zoologia. Há uma razão melhor para estudar a Zoologia do que sua possível
“utilidade” e estima que os animais provocam. Esta razão é que nós animais somos as máquinas mais
complicadas e perfeitamente planejadas do universo conhecido. Apresentada desta forma, é difícil
entender como alguém pode estudar qualquer outra coisa! Para o estudante que já se comprometeu com a
Zoologia, espero que meu livro tenha algum valor educativo. Ele está tendo que estudar os artigos
originais e livros técnicos nos quais minha exposição se baseia. Se ele achar as fontes originais difíceis de
entender, talvez minha interpretação não matemática possa ajudar, como uma introdução e fonte
suplementar.
Há perigos óbvios em se tentar agradar três tipos diferentes de leitores. Só posso dizer que estive
cônscio desses perigos e eles pareceram ser compensados pelas vantagens da tentativa.
Sou etólogo e este é um livro sobre comportamento animal. Minha dívida à tradição etológica na
qual fui treinado será óbvia. Em particular, Niko Tinbergen não imagina a importância de sua influência
durante os doze anos nos quais trabalhei sob sua direção em Oxford. A frase “máquina de sobrevivência”,
embora não seja, de fato, criação sua, poderia muito bem sê-lo. Mas a Etologia recentemente tem sido
revigorada por uma invasão de idéias novas oriundas de fontes normalmente não consideradas etológicas.
Este livro baseia-se em grande parte nessas novas idéias. Seus autores são mencionados nos lugares
apropriados no texto; as principais figuras são G. C. Williams, J. Maynard Smith, W. D. Hamilton e R. L.
Trivers.
Várias pessoas sugeriram títulos para o livro que eu agradecidamente usei como títulos dos
capítulos: “Espirais Imortais”, John Krebs; “A Máquina Gênica”, Desmond Morris; “Manipulando os

Genes”, Tim Clutton-Brock e Jean Dawkins, independentemente, com desculpas a Stephen Potter.
Os )citares imaginários podem servir como alvos para…

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