Manifesto do Partido Comunista
Manifesto do Partido Comunista
Karl Marx e Friedrich Engels
São Paulo, FEVEREIRO de 2017
Editora Sundermann
Avenida Nove de Julho, 925, Bela Vista, São Paulo, SP.
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2017, Editora José Luís e Rosa Sundermann
A editora autoriza a reprodução de partes deste livro para fins
acadêmicos e/ou de divulgação eletrônica, desde que mencionada a
fonte.
Coordenação Editorial:
Jorge Breogan
João Ricardo Soares
Edição: Jorge Breogan
Capa: Romerito Pontes
Diagramação: Leo Misleh
©
Marx, Karl (1818-1883) e Engels, Friedrich (1820-1895)
Manifesto do Partido Comunista. 3. ed. São Paulo: Sundermann, 2017.
70 p.
ISBN: 978-85-99156-86-5
1.Comunismo – história. 2. Materialismo dialético. 3.Materialismo histórico.
4.Filosofia marxista. 5. Socialismo – história. I. Título.
CDD: 320
Dados internacionais de catalogação (CIP) elaborados na fonte
por Iraci Borges – CRB-8 – 2263
sumário
Apresentação, 7
O Manifesto do Partido Comunista, 13
Burgueses e proletários, 14
Proletários e comunistas, 30
Literatura socialista e comunista, 41
Posição dos comunistas em relação aos vários partidos
de oposição existentes, 53
Posfácio – Os noventa anos do Manifesto do Partido
Comunista – Leon Trotsky, 57
A nova edição do Manifesto Comunista de Karl Marx e
Friedrich Engels, pela Editora Sundermann, tem dois grandes
méritos: o primeiro é voltar a publicar um texto-programa que,
apesar de ter sido escrito entre os anos de 1847 e 1848, continua
sendo atual. O segundo é incluir, nesta nova publicação, um
texto de Leon Trotsky, escrito em 1937, por ocasião do 90º
aniversário da primeira publicação do Manifesto.
Se o Manifesto, há quase 170 anos de sua primeira pu-
blicação, surpreende por sua atualidade, o texto de Trotsky,
quase 80 anos depois de escrito, surpreende pela forma bri-
lhante como faz sua atualização, a ponto de que, hoje em dia,
a publicação do texto de Trotsky de forma conjunta com o
Manifesto Comunista se torna praticamente imprescindível
para ter uma compreensão correta daquele.
A idéia do comunismo, uma sociedade superior, onde o
crescimento econômico e cultural não trás consigo nenhum
grau de injustiça foi obra de Marx e Engels. A idéia de uma
sociedade comunista é muito antiga. Platão, já em 380 A.C. se
referia a ela em sua obra A República. Por outro lado, a idéia
do comunismo se desenvolveu entre os primeiros cristãos e
teve, através de varias centenas de anos, diferentes expressões
APRESENTAÇÃO
8 Karl Marx e Friedrich Engels
e formulações, como as expressas por Thomas More em seu
livro A Utopia, escrito no longínquo ano de 1516, no qual afir-
mava: “Me parece que lá onde reina a propriedade privada,
onde o dinheiro é a medida de todas as coisas, é muito difícil
que se chegue a estabelecer um sistema político baseado na
justiça e na prosperidade”.
Mas quem sem duvida avançou mais no desenvolvimento
do ideal socialista e comunista, foram os que, no final do século
XVIII e inicio do século XIX se tornaram conhecidos como os
“socialistas utópicos”: Charles Fourier, Robert Owen, Saint-
-Simon, Etienne Cabert, Pierre Leroux e o grande divulgador
destas idéias, Victor de Considerant.
Estes autores, a maioria deles provenientes das classes
altas da sociedade, construíram uma poderosa corrente de
opinião que, tendo nascido na Europa, se estendeu aos outros
continentes. Assim na America Latina, e mais particularmente
na Argentina, ela ganhou peso na intelectualidade sendo seu
máximo expoente Esteban Echeverría (1805-1851), autor do
El Dogma Socialista (O Dogma Socialista).
Os ideais comunistas de Platão e inclusive de Thomas More
(formulados quase dois mil anos depois) eram sumamente con-
traditórios a ponto de que seu “comunismo” aconteceria junto
com a escravidão.
Ao contrário destes, os “socialistas utópicos” tinham dife-
rentes projetos de sociedade, mas em todas elas predominava o
desenvolvimento econômico, a fraternidade e a justiça.
Mas todos estes ideais comunistas, de Platão aos socialistas
utópicos, tinham em comum sua incapacidade de encontrar o
caminho para chegar à sociedade comunista. Os socialistas utó-
picos, por exemplo, achavam que suas idéias, por serem muito
belas (e realmente eram) acabariam sendo aceitas por toda a
sociedade. Não só pelos explorados senão também pelos explo-
radores. Era realmente uma total utopia.
9Manifesto do Partido Comunista
Mas o caráter utópico dos antigos formuladores do socialis-
mo não se devia à incapacidade mental desses homens, os quais
brilhavam por sua inteligência, senão que era determinada pe-
las condições materiais em que eles viviam. Naqueles anos o ca-
pitalismo, apesar de seu DNA de barbárie e de injustiça que os
indignava, se desenvolvia de forma espetacular realizando, em
poucas décadas, prodígios que a civilização humana não tinha
conseguido levar adiante em milhares de anos.
Foi necessário que o capitalismo se desenvolvesse ainda
mais (e com ele sua crise) e também que se desenvolvesse seu
produto mais genuíno, o proletariado, para que a luta de classes,
entre a burguesia e o proletariado ocupasse o centro da cena,
coisa que possibilitou que dois homens também brilhantes, Karl
Marx e Friedrich Engels, se transformassem em gênios ao des-
cobrir justamente o caminho que a humanidade teria de per-
correr, da sociedade capitalista até a socialista e comunista.
As conclusões de Marx e Engels não surgiram, fundamen-
talmente, do estudo das idéias senão do estudo da sociedade
capitalista, suas leis e suas contradições, coisa que os levou a
concluir que o proletariado estava chamado a se tornar seu co-
veiro e que só tomando o poder em suas mãos poderia se liber-
tar e, a partir daí, poderiam libertar o conjunto da humanidade.
Assim, a partir de Marx e Engels, deixando de lado e supe-
rando o socialismo utópico, surgia um novo tipo de socialis-
mo, o socialismo cientifico que atualmente é conhecido como
“marxismo” e cujo primeiro programa foi justamente colocado
no Manifesto Comunista.
Trotsky, em seu texto de 1937, destaca que o Manifesto Co-
munista disse já no começo: “A história de todas as sociedades
existentes até agora é a história da luta de classes” e agrega que
esse postulado “… é a conclusão mais importante extraída da in-
terpretação materialista da história” da qual diz: “… é impossível
em nossa época, ser não só um revolucionário militante senão
10 Karl Marx e Friedrich Engels
inclusive um observador culto da política sem assimilar a inter-
pretação materialista e a história”. Nada mais justo.
Trotsky começa seu texto com as seguintes palavras: “É di-
fícil acreditar que faltam somente dez anos para o centenário
do Manifesto Comunista! Este folheto, que demonstra uma ge-
nialidade maior que qualquer outro na literatura mundial, nos
assombra ainda hoje por seu frescor. Suas partes mais impor-
tantes parecem ter sido escritas ontem”.
Hoje, chegando ao ano de 2017, poderíamos dizer a mesma
coisa. Só teríamos que fazer uma pequena correção: É difícil
acreditar que faltam somente trinta anos para o bicentenário
do Manifesto Comunista!
Desde 1847 até a atualidade muitas coisas mudaram no
mundo e no interior do próprio capitalismo, como foi o sur-
gimento do imperialismo. No entanto, o capitalismo, em sua
essência, continua sendo igual ao de 200 anos atrás. Ele segue
se regendo pelas leis descobertas pelos autores do Manifesto.
Nisso reside justamente a atualidade deste. Uma atualidade que
faz com que nenhum programa, verdadeiramente revolucioná-
rio, possa ser construído sem partir das análises e conclusões
centrais do Manifesto. A tal ponto que o Manifesto, que deve ser
atualizado, e mesmo sem fazê-lo, é um delimitador fundamen-
tal entre revolucionários e reformistas.
Isto surge com muita clareza quando afirma: “O governo
do estado moderno nada mais é que um comitê para o manejo
dos negócios comuns à toda a burguesia” para depois agregar:
“Os comunistas declaram abertamente que seus fins podem ser
alcançados somente pela derrubada violenta de todo o regime
social existente”. Desta forma, só com estas duas frases, o Mani-
festo dá uma explicação cientifica do Estado, como o órgão de
uma classe, a burguesia, que os trabalhadores só podem con-
quistar pela via da ação violenta e não pelos votos ou pela soma
de deputados como gostam tanto os reformistas.
11Manifesto do Partido Comunista
Mas é necessário destacar que Trotsky, entre outras, faz
uma observação muito importante, que é decisiva na atuali-
dade, na hora de elaborar o programa. Resumindo, ele afirma:
“… os autores do Manifesto imaginaram de um modo muito
unilateral o processo das classes intermediarias, como uma
proletarização da maioria do campesinato, artesões e peque-
nos industriais” e depois agrega: “… o desenvolvimento do
capitalismo acelerou, ao extremo, o crescimento de legiões
de técnicos, administradores, empregados do comercio, em
resumo a chamada “nova classe media”. Portanto, as classes
intermediarias, a cujo desaparecimento o Manifesto de se re-
fere tão categoricamente inclui, mesmo em um país tão alta-
mente industrializado como a Alemanha, quase que metade
da população.”
Esta observação de Trotsky, feita em 1937, assim como as
restantes que fez ao Manifesto, são largamente confirmadas
na atualidade, coisa que deve nos levar à conclusão de que, na
hora de elaborar o programa é necessário partir do Manifesto
Comunista, mas também que é necessário atualizá-lo e, nes-
se sentido o trabalho de Trotsky é um bom ponto de partida,
para esta tarefa.
Martín Hernández,
31 de dezembro de 2016.
Um fantasma ronda a Europa – o fantasma do…