A Mascara da Morte Escarlate e Outras Historias

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EDGAR ALLAN PÖE
 
 
 
 
 
 
A MÁSCARA DA MORTE
ESCARLATE
E
OUTRAS HISTÓRIAS EXTRAORDINÁRIAS
 
 
 
 
 
 
 
 
Free Books
2024

CRÉDITOS
Título: A Máscara da Morte Escarlate e outras Histórias Extraordinárias.
Autor: Edgar Allan Pöe (1809 – 1849).
Tradutor: Paulo Soriano.
Ilustração da capa: Pngwing.
Imagem do miolo: R. S. de Farias/Copilot.
Editora: Free Books Editora Virtual.
Ano de Publicação: 2024.
Local da publicação: Salvador/BA.
© das traduções: Paulo Soriano.
As traduções dos contos “A Máscara da Morte Escarlate” e “Silêncio — Uma Fábula”
foram originariamente publicadas sob o pseudônimo de José Jaeger.
 
 

SUMÁRIO
 
A MÁSCARA DA MORTE ESCARLA TE      5
O BARRIL DE AMONTILLADO      14
MORELLA      24
SOMBRA… UMA PARÁBOLA      32
 

A MÁSCARA DA MORTE ESCARLATE
 
Havia muito tempo que a “Morte Escarlate” devastava
todo o país. Jamais uma peste fora tão letal e tão terrível. O
sangue era a sua encarnação e o seu sinete: o vermelho e o horror
do sangue. Começava com dores agudas, com um
desvanecimento súbito, e logo os poros se punham a sangrar
abundantemente. Sobrevinha, então, a decomposição. Manchas
escarlates no corpo e, notadamente, no rosto da vítima,
segregavam-na da humanidade e a afastavam de todo socorro e
de toda compaixão. O contágio, o progresso e o fim da
enfermidade consumiam apenas meia hora.
Mas o Príncipe Próspero era feliz, intrépido e sagaz.
Quando os seus domínios minguaram à metade de almas vivas,
convocou um milhar de amigos fortes e de corações alegres,
escolhidos entre os cavalheiros e damas da sua corte. E, com eles,
formou um refúgio recôndito em uma de suas abadias
fortificadas. Tratava-se de uma vasta e magnífica construção,
criação dele mesmo, o Príncipe, conforme seu gosto excêntrico e
majestoso. Rodeava a construção um muro espesso e elevado,
guarnecido de portões de ferro. Uma vez transpostos os muros
pelos cortesãos, estes se serviram de fornalha e de vigorosos
martelos para soldar os ferrolhos. Deliberaram entrincheirar-se
contra os súbitos impulsos ou os desesperos provenientes do
exterior e lacrar todas as saídas aos frenesis do interior.
A abadia estava amplamente abastecida. Graças a tais
cuidados, os cortesãos poderiam enfrentar o contágio. Que o
exterior se arranjasse como pudesse. De sua feita, seria uma
loucura afligir a alma com meditações sobre a peste. O príncipe
havia fornido aquele refúgio com todos os meios prazerosos.
Havia bufões, improvisadores, bailarinos, músicos, formosuras

de todas as espécies. E havia, também, o vinho. Todas essas belas
coisas havia no interior, além da segurança. Lá fora, disseminava-
se a “Morte Escarlate”.
Foi ao fim do quinto ou sexto dia em seu refúgio,
enquanto a peste fazia grande estragos além das muralhas, que o
Príncipe Próspero proporcionou aos convivas um baile de
máscaras da mais insólita magnificência.
Que quadro voluptuoso era o baile de máscaras!
Permitam-me descrever os salões onde o festim ocorreu. Havia
uma série de sete salões imperiais. Em muitos palácios, esta série
de salões forma amplas perspectivas, em linha reta quando as
portas se descerram de par em par, de tal forma que a vista
penetra até o fundo, sem qualquer obstáculo. Aqui, o caso era
assaz diferente, como se era de esperar da parte daquele Duque e
de sua inclinação pelo bizarro. Estavam as salas dispostas de
forma tão irregular que a vista não poderia compreender senão
um salão de cada vez. Ao término de um espaço de vinte ou
trinta jardas, via-se uma brusca curva e, a cada esquina, o
ambiente assumia um aspecto diferente. À direita e à esquerda, e
ao meio de cada parede, uma alta e estreita janela gótica abria-se
para um corredor fechado, que seguia a sinuosidade dos
cômodos.
Cada janela era guarnecida de vitrais cujas cores
harmonizavam-se com a tonalidade dominante da decoração do
salão para o qual se abria. O que ocupava a extremidade oeste,
por exemplo, era decorado de azul e os vitrais eram de um azul
vívido. O segundo dos salões era decorado e guarnecido de cor
púrpura e os vitrais eram igualmente purpúreos. O terceiro era
completamente verde e verdes eram também as janelas. O quarto,
alaranjado, estava iluminado por uma janela de igual cor. O
quinto era branco e o…

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