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Texto dos Irmãos Grimm
Ilustrações de Mariana Valente
O Sapo e a Princesa
O Sapo e
a Princesa
O Sapo e
a Princesa
Texto dos Irmãos Grimm
Ilustrações de Mariana Valente
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N
os tempos antigos, quando os desejos
podiam ser realizados, vivia um rei
cujas flhas eram todas muito bonitas.
Sua flha caçula, então, era tão linda, que o próprio
sol, que já viu tantas coisas, fcava encantado com
sua beleza toda vez que a iluminava.
O castelo real fcava perto de um bosque grande
e escuro, onde, debaixo de uma velha tília, havia um
poço. Quando o dia estava quente, a flha caçula
do rei costumava ir ao bosque e sentava à beira do
poço de águas frescas, e quando o tempo parecia
não passar, ela brincava com a sua bola de ouro,
jogando-a para o alto e pegando-a novamente. Esse
era o seu passatempo favorito.
Num dia em que assim brincava, porém, acon-
teceu que em vez de cair novamente na sua mão,
a bola de ouro caiu na beira do poço e rolou para
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dentro da água. A princesinha acompanhou com
os olhos quando a bola afundou, mas o poço era
tão fundo, tão fundo, que não dava para ver onde
terminava. Então ela começou a chorar, e chorou e
chorou tanto que parecia que nunca se conformaria
com a perda da bola. De repente, ela ouviu uma voz
perguntando:
– Por que você está tão triste, flha caçula do rei?
Suas lágrimas poderiam comover um coração de
pedra!
Quando ela olhou ao redor para ver de onde
vinha a voz, viu somente um sapo esticando sua
cabeça grossa e feia para fora da água.
– Ah, é você, sapo velho? Estou chorando porque
minha bola caiu no poço.
– Não se preocupe e não chore mais – disse o
sapo – eu posso ajudá-la. Mas o que você me dará
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se eu for buscar sua bola no fundo do poço?
– O que você quiser, caro sapo. Qualquer das
minhas roupas, minhas pérolas, minhas joias ou
mesmo minha coroa de ouro – disse ela.
– Suas roupas, suas pérolas, suas joias e sua
coroa de ouro não têm nenhum valor para mim
– respondeu o sapo – mas se você puder me amar
e me ter como companheiro de brincadeiras e
me deixar sentar à mesa com você, comer no
seu prato e beber no seu copo e dormir na sua
caminha, se você prometer tudo isso, então eu
mergulho e trago a sua bola de ouro.
– Sim, sim – ela disse – prometo! Prometo
tudo o que você quiser, contanto que você traga
a minha bola de volta!
Mas pensou consigo mesma:
– Quanta bobagem! Como se ele pudesse
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fazer outra coisa além de fcar na água e coaxar
com os outros sapos, ou como se ele pudesse ser
companhia para alguém.
Mas o sapo, assim que ouviu sua promessa,
mergulhou e sumiu de vista; depois de algum
tempo, voltou com a bola de ouro na boca e a
jogou na grama. A princesa fcou radiante ao ver
sua querida bola novamente, pegou-a e correu
para o castelo.
– Pare! Pare! – gritou o sapo – leve-me com
você. Não posso correr tão rápido! Croax!
Croax! Croax!
Ele coaxou com todas as suas forças atrás dela,
mas foi em vão. A princesa não o ouviu, voltou
rapidamente para casa e logo esqueceu tudo
sobre o pobre sapo, que não teve outro remédio
senão retornar ao poço.
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No dia seguinte, quando a princesinha caçula
estava sentada à mesa com o rei e toda a corte,
comendo no seu pratinho dourado, alguma
coisa, fazendo plec, plec, plec, subiu as escadas de
mármore do castelo, bateu à porta e chamou:
– Filha caçula do rei, deixe-me entrar.
A princesa se levantou e correu para ver quem
poderia ser. Quando abriu a porta, viu o sapo
sentado lá fora. Ela fechou a porta rapidamente
e voltou para o seu lugar, muito nervosa. O rei,
notando o seu nervosismo, perguntou:
– Minha flha, do que você está com medo?
Há um gigante na porta querendo levá-la?
– Não, não é um gigante, meu pai, é um sapo
horroroso.
– E o que o sapo quer de você? – perguntou
o rei.
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– Ai, meu querido pai – respondeu ela –
ontem, quando eu estava brincando, a minha
bola de ouro caiu no poço. Eu fquei muito triste
e chorei muito por tê-la perdido, e um sapo se
ofereceu para buscá-la no fundo do poço para
mim, com a condição de eu deixá-lo ser meu
companheiro. Eu nunca imaginei que ele pode-
ria sair de lá e vir atrás de mim, mas agora ele
está na porta e quer entrar.
E então todos ouviram o sapo batendo pela
segunda vez à porta e gritando:
Abra a porta para mim, princesa,
Abra antes da sobremesa.
Aquilo que você prometeu
nas águas do poço, se esqueceu?
Caçulinha do rei, realeza,
abra antes da sobremesa.
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– Você deve cumprir o que prometeu, por-
tanto, vá lá, abra a porta e deixe-o entrar – disse
o rei.
Ela abriu a porta e o sapo pulou para dentro,
saltitando e seguindo-a até a sua cadeira. Então
ele se deteve e falou:
– Levante-me para que eu possa sentar-me
com você.
Ela relutava, mas o rei ordenou que obede-
cesse. Uma vez na cadeira, o sapo queria subir
à mesa. Quando se viu ali, ele disse:
– Agora, puxe o seu prato dourado um pouco
mais para perto, para podermos comer juntos.
A princesa obedeceu, mas todos perceberam
que ela estava muito contrariada. O sapo comeu
com bastante apetite, mas ela não conseguia
engolir; parecia que a comida fcava atravessada
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na sua garganta.
– Estou satisfeito – disse o sapo fnalmente
– e como estou cansado, você deve me carregar
para o seu quarto e arrumar sua cama macia
para que possamos deitar e dormir.
A princesa se pôs a chorar, pois tinha medo e
nojo daquele sapo de pele fria, úmida e rugosa,
que queria até mesmo dormir na sua cama de
lençóis limpinhos. Mas o rei fcou zangado
com ela e disse:
– Aquilo que você prometeu numa hora de
necessidade, você deve agora cumprir.
Não vendo alternativa, a princesa pegou o
sapo com a pontinha dos dedos, levou-o para
cima e colocou-o num canto. Mas, quando foi
se deitar para dormir, o sapo veio saltitando e
dizendo:
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– Eu estou cansado e também desejo dormir.
Coloque-me na cama, ou eu conto para o seu
pai.
Isso fez a princesa fcar com muita raiva. Ela
pegou o sapo e o jogou com todas as suas forças
contra a parede, dizendo:
– Agora você vai fcar quieto, sapo horroroso!
Mas assim que caiu, ele deixou de ser um
sapo e se transformou imediatamente num
príncipe de olhos muito bonitos e olhar bon-
doso. E aconteceu que, com o consentimento
do rei, eles fcaram noivos. Ele contou, então,
como havia sido enfeitiçado por uma bruxa
malvada e como ninguém, a não ser a flha
caçula do rei, poderia quebrar o encanto. Falou
também que os dois deveriam ir para o reino
do seu pai. Nisso chegou à porta do castelo
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uma carruagem atrelada com oito esplêndidos
cavalos, com as testas enfeitadas com plumas
brancas de avestruz e correntes de ouro. Veio
com ela Henrique, o fel servo do jovem prín-
cipe. Henrique havia sentido tanta pena ao ver
seu senhor ser transformado em sapo que tinha
colocado três aros de ferro em torno do coração,
para que ele não arrebentasse por causa da dor
e da tristeza. Mas agora ali estava ele com a
carruagem que ia conduzir o príncipe de volta
ao seu reino! Muito alegre, Henrique ajudou
o jovem casal a se acomodar na carruagem e
tomou seu lugar na parte de trás, dando sinal
de partida.
Quando eles já haviam percorrido uma boa
parte do caminho, o príncipe ouviu um esta-
lido; parecia que uma das rodas da carruagem
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tinha quebrado. Então, ele se virou para o fel
Henrique e disse:
– Henrique, a carruagem está quebrando.
Mas Henrique respondeu:
– Não é a roda que quebra, não,
É um aro do meu coração
Que estava cheio de afição
Quando em sapo feio e enrugado
Meu amo foi transformado
E fcou no poço largado.
Por uma segunda e uma terceira vez se ouviu
aquele estalo durante a viagem, e o príncipe
sempre achava que a roda da carruagem estava
quebrando, mas foram os aros de ferro do
coração do Henrique que se romperam, porque
agora ele estava aliviado e muito feliz.
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Ficha técnica
O Sapo e a Princesa
Texto dos Irmãos Grimm
Ilustrações de Mariana Valente
ISBN: 978-85-61192-24-2
Coordenação editorial de Alberto V. Queiroz
Editoração – Focus Vale
Prefeitura Municipal de São José dos Campos – SP, 1ª edição – 2012
Este livro faz parte do Programa Gosto de Ler,
da Secretaria Municipal de Educação de São José dos Campos
Secretaria Municipal de Educação
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Fone: (12) 3901-2030 – email: [email protected]
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É vedada a reprodução total ou parcial da presente obra sem autorização expressa da detentora dos direitos.
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ISBN 978-85-61192-24-2